O colesterol, um tipo de lipídeo, é uma molécula essencial à vida e é parte fundamental de todas as nossas células. Entretanto, níveis alterados de colesterol podem levar a doenças. Quando presente em quantidades altas no sangue o colesterol pode acumular na parede interna de nossas artérias. Com o tempo, a artéria fica enrijecida e “entupida” (por placas de ateromatose), podendo causar pressão alta (hipertensão arterial sistêmica), ataques cardíacos (infarto) e derrames (AVC).
A hipercolesterolemia ( colesterol elevado) é caracterizada por altos níveis de colesterol (total ou LDL-colesterol) no sangue. A hipercolesterolemia na infância e na adolescência acontece normalmente por motivos hereditários e, por isso, é denominada de hipercolesterolemia familial. Em pacientes com esse problema os níveis de colesterol total e LDL-colesterol podem estar de 2 a 3 vezes maiores do que em crianças não afetadas pela doença.
A hipercolesterolemia familial é assintomática (sem sintomas evidentes) e acredita-se que, se não tratada, pode levar ao aparecimento prematuro de doenças cardiovasculares na vida adulta.
De acordo com uma revisão de artigos científicos sobre o tema, foi apontado alguns fatos:
– De 1 a 5 crianças são diagnosticadas com hipercolesterolemia familial a cada 1000 crianças investigadas, mas esse valor pode variar dependendo da população;
– O uso de estatinas (um medicamento para tratar a hipercolesterolemia) diminui entre 20% a 40% dos níveis de LDL-colesterol, sendo um tratamento bem tolerado e sem efeitos metabólicos danosos;
– Sequestradores de ácidos biliares (outro tipo de medicamento utilizado para tratar a hipercolesterolemia) mostraram reduções de 10% a 20% de LDL-colesterol, mas causam sintomas gastrointestinais adversos e são pouco palatáveis;
– O uso de outros tipos de medicamentos também apresentou resultados promissores. Por exemplo, o tratamento com ezetimiba combinado com sinvastatina diminuiu em 54% os níveis de LDL-colesterol, contra 38% de diminuição no tratamento somente com sinvastatina;
Varios estudos mostram que há um risco cardiovascular aumentado em crianças e adolescentes com hipercolesterolemia familial. Por isso, acredita-se que o tratamento desses pacientes com medicação e mudanças de hábito é válido;
– Nos estudos considerados, o uso da medicação para a hipercolesterolemia ocorreu junto com a implementação de uma dieta baixa em gorduras saturadas e colesterol. Portanto, a mudança de hábitos e estilo de vida, juntamente com as medicações, levaram aos bons resultados dos estudos.
– O uso de medicação para baixar os níveis de lipídeos em crianças e adolescentes deve ser avalido. Por isso, é importante que seu filho seja avaliado por um endocrinologista pediatra e que a decisão de tratar ou não com medicação seja tomada de forma criteriosa.
Para saber em detalhes sobre esse estudo procure por: Paula Lozano e colaboradores. Artigo de revisão: Lipid Screening in Childhood and Adolescence for Detection of Familial Hypercholesterolemia – Evidence Report and Systematic Review for the US Preventive Services Task Force.Publicado no Journal of the American Medical Association (JAMA), em agosto de 2016.