No artigo anterior discutimos sobre a baixa estatura, especialmente aquela relacionada à um padrão de baixa estatura familiar ou à um atraso no desenvolvimento. Para cuidar da baixa estatura, um endocrinologista pediatra poderá oferecer algumas opções de condutas e tratamentos:

Acompanhamento: Apesar de poder se sentir mal ou sofrer bullying por causa de sua baixa altura, estudos mostram que o estresse psicológico nessas crianças e adolescentes não está, necessariamente, relacionado à baixa estatura em si. Outros estudos mostram que crianças e adultos com baixa estatura são psicologicamente saudáveis. Entretanto, pode ser que o estresse psicológico seja alto para a criança e para os pais, devendo-se considerar o acompanhamento por um psicoterapeuta e o tratamento com medicamentos.

Tratamento com hormônio do crescimento (GH): pesquisas demonstram que o tratamento com GH aumenta a altura em aproximadamente 1 centímetro por ano de tratamento, em crianças com baixa estatura idiopática. A quantidade que seu filho irá crescer pode variar, dependendo da época de início do tratamento, de como está sua maturação óssea, se os pais são mais altos (tenderão a crescer mais), se os pais são mais baixos (tenderão a crescer menos). Entretanto, o tratamento com o GH possui algumas inconveniências:

– Feito somente por aplicação subcutânea, significando 1 injeção todos os dias, que continuará até a conclusão do crescimento ou a obtenção de uma altura considerada satisfatória;

– no Brasil, pelo SUS, o GH só é fornecido à pessoas com deficiência de GH comprovada ou que possuem doenças genéticas, como a Síndrome de Turner, por exemplo. Isso faz com que o tratamento fique caro para pacientes com baixa estatura idiopática, situação não coberta pelo SUS;

Apesar de favorecer crianças e adolescentes com baixa estatura severa, os benefícios do tratamento medicamentoso para crianças saudáveis e não tão baixas ainda são controversos, já que elas podem, naturalmente, atingir a altura desejada na vida adulta.

Portanto: tentar aumentar a altura da criança será um balanço entre os custos e os benefícios do tratamento. Também deverá ser considerado o histórico familiar e se o tratamento melhorar a saúde mental da criança e do adolescente, que podem se sentir prejudicados pela baixa estatura.

 Para saber mais: Artigo científico: Short Stature in Childhood – Challenges and Choices. Revista científica: The New England Journal of Medicine. Publicado em março de 2013.